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Resenha: The Neverending Story (A História sem Fim) [romance]

13 de outubro de 2013

Autor: Michael Ende
Ano da publicação original: 1979
Língua original: Alemão
Título original:
Die Unendliche Geschichte
Tradutor: Ralph Manheim
Editora: Penguin (selo Firebird)
ISBN 13: 9780140386332 ISBN 10: 0140386335
444 páginas

Avaliação: 

Só descobri que A História sem Fim tinha uma origem literária há aproximadamente um ano atrás, fuçando sobre livros de fantasia na Rede. Até então, o título apenas me evocava o clássico cinematográfico da Sessão da Tarde que tanto me marcara na infância, mas do qual pouco me recordava. Duas personagens jamais me saíram da memória: a Imperatriz Menina, com sua beleza incomumente sofisticada para o aspecto infantil; e Falkor, o dragão especial com aparência de cachorrão (risos).

Logo depois da descoberta, o romance já estava em minha lista de desejos e, agora, ao finalizá-lo, posso dizer que cada minuto de leitura valeu a pena. É uma fantasia belíssima; delicada e poderosa, que toca os campos tanto do humano quanto da fantasia com sensível maestria.

Publicado no último ano da década de 70 do século passado, o romance de autoria do alemão Michael Ende nos conta de que forma o garoto Bastian Balthazar Bux (mas que nome…!), após sofrer com mais um ataque de bullying por parte dos colegas e buscar refúgio num romance de fantasia, torna-se parte fundamental da história que lê, passando a cumprir uma missão de suma importância para que o reino de Fantastica sobreviva ao Nada.

A questão do Nada (assim mesmo, com maiúscula, por ser uma personificação) como ameaça me chamou atenção desde o começo, e essa é justamente uma das características mais marcantes do livro, o aspecto filosófico da narrativa. Não sei se todas as crianças o absorveriam tão intensamente como alguns adultos poderiam.

Por vezes somos “despertados” do mundo mágico de Fantastica com declarações dos narradores ou até mesmo dos personagens sobre aspectos do mundo real e de nós mesmos em toda nossa tão cruel e imperfeita humanidade. Pensei que o livro fosse me render uma experiência reconfortante e estável como foi com The Lord of the Rings (falando nisso, estou devendo a resenha da Terceira Parte a vocês, certo?), mas levei muitos “tapas na cara” ao longo da história, a ponto de fechar o livro e ficar melancólica por duas horas (sim, sou dessas!). Separei um dos exemplos que considerei mais notáveis. É de um diálogo niilista entre a fascinante personagem Morla, the Aged One, um quelônio imortal (ou quase, não me recordo), que conversa consigo mesma na primeira pessoa do plural, à la Gollum, e o protagonista. O que ela responde quando Bastian pede sua ajuda para salvar Fantastica?

…Somos velhas, filho, muito, muito, velhas. Vivemos o bastante, já. Vimos demais. Quando se sabe o tanto que nós sabemos, nada importa. As coisas apenas se repetem. Dia e noite, verão e inverno. O mundo é vazio e sem sentido. Tudo é um ciclo sem fim. Tudo que começa deve terminar, tudo que nasce deve morrer. Tudo se finda, bom e mau, bonito e feio. Tudo é vazio. Nada é real. Nada importa. (p. 64, tradução minha)

Mas isso não significa que a parte de fantasia propriamente fique ofuscada. São paisagens esplendidamente construídas, tão ricas e originais como não se vêem, por exemplo, nem mesmo em um Tolkien (essa é minha opinião, tolkienmaníacos, sinto muito…! Não me batam! =~). Os personagens são, igualmente, dignos do mais belo delírio.

Pra finalizar, fica minha mais do que recomendação d’A História sem Fim em sua versão original, literária, e também um vídeo curioso de uma entrevista do Ende em alemão (com legendas em espanhol, dá pra entender direitinho) em que ele fala do quanto detestou a versão cinematográfica do seu clássico. Lembrando que isso não significa que vocês devem concordar com ele, rs!

Quanto à minha ausência por não sei quanto tempo por aqui: eu preparei diversos posts sobre isso, com discursos enormes e sinceras desculpas… mas, depois, pensei, “não é isso que meus leitores querem ler”. O importante é voltar, e mostrar porque ainda faz sentido o blog pra mim. Portanto, fiquem sabendo que É MUITO BOM ESTAR DE VOLTA! <333

Um forte abraço de retorno a todo mundo, e até a próxima! ;]

Comprar: Book Depository

14 Comentários leave one →
  1. 8 de março de 2014 0:35

    Também, durante muito tempo, pensei que A História sem Fim era apenas um filme, o qual eu também assisti muito em minha juventude e do qual lembro com muito carinho. Eu tinha até a fita cassete dele! Foi há pouco tempo atrás que também descobri a existência do livro. Consegui comprar ele num sebo em São Paulo e a verdade é que o livro me surpreendeu muito. Ele é extremamente profundo e envolvente. Tem questões filosóficas muito profundas e que as vezes o torna completamente confuso. Mas eu simplesmente adorei.

    É um ótimo livro que recomendaria para qualquer pessoa que gosta de um livro de fantasia, porque cá entre nós, tudo o que se passa no livro é muito fantasioso e tem um que de mágico. Não como Nárnia, mas um pouco mais profundo.

    • 8 de março de 2014 14:58

      Muito obrigada pela sua contribuição, Filipe!

      Concordo plenamente com sua análise, é realmente um romance bastante profundo, de caráter filosófico, o que o torna uma fantasia bastante especial.

      Abraço, e volte sempre! 😉

  2. 15 de outubro de 2013 21:19

    Finalmente voltou! =) E os vídeos, vai fazer?
    Li esse livro no começo do ano, Jéssica, gostei, mas o protagonista é bem chatinho. Sou da turma do Atreiú e Fuchur, essa dupla sim, bem legal. Ah, também adorei a tartaruga! =D
    Beijinho!!!

    • 16 de outubro de 2013 17:13

      Oi, Lua! Obrigada pela visita, sempre muito agradável! ^^”

      O Bastian realmente é um personagem bem imperfeito, tolo e ganancioso… rs

      O que acho mais interessante nisso é que ele acaba sendo um espelho mais fiel da gente, ao contrário do Atreyu, que é um herói perfeito. Talvez a ideia do Ende tenha sido mesmo a de construir esse anti-herói, e fazer com que o critiquemos de certa forma…Temos muito a aprender com o livro!

      Aliás, agora vejo que erro grave eu cometi deixando de fora da resenha esse aspecto da mudança que se dá no caráter a partir da posse de um poder… mas são inúmeros outros importantes, jamais faria uma resenha curta que contemplasse todos eles! 😦

      Vou fazer os vídeos, sim, me aguarde! rs

      ;*

  3. 14 de outubro de 2013 17:34

    Olá, Jéssica!
    Olha, confesso que não sou muito fã de literatura fantástica, mas, caramba, que edição linda! E que massa que foi uma leitura tão proveitosa, tão adorável. É sempre maravilhoso quando o livro é tão (ou mais) bonito do que sua capa. É como se se tivesse um tesouro em mãos. Adoro livros assim!

    Um abraço.

    Sacudindo Palavras

    • 14 de outubro de 2013 17:41

      Olá, Erica! Obrigada pela visita, fique à vontade para voltar sempre que quiser!

      Também acho essa ilustração tradicional da capa linda, mas minha edição é bem simples, daquelas de papel-jornal, sabe? Pretendo comprar outra mais bonita no futuro, acho que ela não vai durar muito…

      E o que o livro tem de fantasia tem de realidade, diria até que muito mais de realidade…!

      Grande abraço! ;*

  4. 14 de outubro de 2013 0:42

    Poxa, resenha excelente Jessica. Parabéns mesmo. Virei leitor do blog.

    Abraço

    • 14 de outubro de 2013 16:54

      Muito obrigada, Sérgio, volte sempre e fique à vontade!

      Abraço grande! ;*

  5. 13 de outubro de 2013 19:08

    Era o loirinho de óculos, o loser, como você definiu. O outro era parecido com um índio, né? Não lembro mais. Vou tentar dar uma chance ao livro…um dia.

    • 13 de outubro de 2013 19:19

      Vem cá, tu é taurina, né? rs

      Pois era ele mesmo, tadinho!

      • 13 de outubro de 2013 20:37

        Virginiana. Sou bem metódica, vou ler os que eu já comprei primeiro. Daí, vou ler os que estão na lista de desejos a mais tempo. Depois, se tiver despertado o interesse, leio este. 🙂

  6. 13 de outubro de 2013 18:38

    Acho que pela primeira vez não fiquei com vontade de ler o livro! Mas penso que isso se deve ao fato de eu, quando criança, não ter dado muita bola para o filme. Só me lembro que eu achava o menino besta, mas são coisas da infância que ficam, né? E que bom que você voltou!!! Não nos deixe desamparados por tanto tempo, dear! Bjo!!!

    • 13 de outubro de 2013 18:53

      Peraí, dona Bianca, como assim?! rs

      Em primeiro lugar, que menino? O Bastian? O Atreyu (o mocinho andarilho, lembra)? Até entendo que você não tenha adorado aquele Bastian-loser do filme, mas o Atreyu é um herói de primeira! ❤ rs

      Em segundo: olha, se eu puder te dar um conselho, diria pra superar isso! rs O próprio autor não gostou do filme e, pelo que me lembre, realmente são muito diferentes…! O livro é de uma profundidade incrível. Tem em português. Give it a try!

      Muito obrigada pelo carinho, pela espera e pela ligação. Logo, logo eu volto. ;*

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